O diretor geral do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), Márcio Slaviero, irá depor nesta quarta-feira (10) à CPI do Pronto Socorro (PS). Slaviero será ouvido na condição de testemunha sobre as denúncias feitas por ele de suspeitas de pagamentos duplicados pelo PS. O diretor é o segundo a ser ouvido pela investigação. Na semana passada, a secretária da Saúde, Roberta Paganini, foi a primeira a depor, também como testemunha.

A partir das informações dadas por Roberta, a CPI quer esclarecer como se dava a relação entre o HUSFP e a administração municipal. Através de contratualização com o Município, o HUSFP é responsável pelo gerenciamento de parte do PS, incluindo a contratação de profissionais e o pagamento de serviços. Em seu depoimento, a secretária Roberta afirmou que os pagamentos do Pronto Socorro eram feitos através do Hospital Universitário.

"O diretor Márcio foi o primeiro a mostrar essas notas duplicadas. A pergunta que fica é se isso existia antes, há quanto tempo existia. Começou agora só?", disse o presidente da CPI, vereador Rafael Amaral (PP) , indicando qual linha a oitiva com Slaviero deve seguir.

Outro ponto a ser esclarecido é exatamente em quais contratos e serviços ou produtos foram feitos os pagamentos duplicados. Em seu depoimento, Roberta não informou de qual área eram os pagamentos sob suspeita, alegando que essas informações já estão sendo investigadas pela sindicância instaurada pelo governo.

Após as suspeitas virem à tona, a diretora geral do PS, Odineia da Rosa, e o diretor administrativo e financeiro, Misael da Cunha, foram afastados dos cargos. Até o momento, as investigações da CPI têm se voltado ao papel de Cunha como operador deste suposto esquema - além do cargo de gestor no PS, ele também foi tesoureiro e mais recentemente era vice-presidente municipal do PSDB, do qual foi afastado após as suspeitas.

O depoimento da secretária

No depoimento prestado na semana passada, a secretária da Saúde Roberta Paganini diz que foi informada das suspeitas por Slaviero em meados de janeiro. "A partir do que averiguei, tomamos as medidas, onde comuniquei a prefeita imediatamente e solicitamos a abertura de sindicância", disse.

A secretária disse não ter conhecimento de como funcionava o dia a dia do Pronto Socorro. "O cotidiano do dia a dia da execução do Pronto Socorro eu não sei dizer, mas pelo convívio, sei que [Cunha] era a pessoa que fazia os processos de compra", disse.

Roberta afirmou que o nome de Odineia foi escolhido entre ela e a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB). Ela negou ter participado da indicação do nome de Misael da Cunha e que apenas foi informada pelo gabinete da prefeita de que ele ocuparia o cargo.

Documentos

Além dos depoimentos, a solicitou à Prefeitura cópias de documentos de 2017 a 2024, incluindo todos os contratos firmados pelo PS, comprovantes, prestações de contas e movimentações bancárias. Até o momento, a comissão ainda não recebeu esse material.

CPI da Equatorial

Paralelamente à CPI do PS, está em andamento na Câmara de Pelotas a CPI da CEEE Equatorial, que investiga a atuação da distribuidora de energia após os fenômenos climáticos que deixaram milhares de moradores sem energia elétrica recentemente. Para esta semana, a previsão é dar prosseguimento às articulações sobre o formato e a abrangência da CPI.

Na reunião desta semana, marcada para quinta-feira, devem ser apontados nomes para prestar depoimentos, além de representantes para apresentar os prejuízos sofridos por setores econômicos, como o comércio e a produção rural. A CPI da CEEE Equatorial é presidida pelo vereador Cristiano Silva (UB) e tem Michel Escalante (PP) como relator e Miriam Marroni (PT) como vice-presidente.

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